Live Canal dos Berrekas – A Formação em ABA no Brasil

Nesta terça-feira, dia 08/02, o Canal dos Berrekas realizou uma live no YouTube, em que foi feita uma entrevista com o psicólogo Mateus Brasileiro, com o tema “A formação em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no Brasil”. A live contou com muito humor e leveza ao tratar do tema, além de trazer informações valiosas que abrangeram a história e a situação atual da ABA no Brasil e no mundo, uma concepção crítica e cuidadosa da formação em ABA, perspectivas futuras e recomendações. Confira a seguir um resumo do que foi abordado na live. Você pode assistir à live a seguir:

Inicialmente, foi ressaltado que a ABA é uma aplicação de princípios filosóficos, conceituais e metodológicos para resolução de problemas humanos. Não se trata de uma técnica, de um protocolo ou de um tratamento para uma população específica. Existem diversas possibilidades de aplicação, sendo uma das mais conhecidas e utilizadas a aplicação com pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora a ABA não seja unicamente voltada para o autismo, a sua aplicação nesse contexto se destacou por ter sido a primeira e ainda hoje uma das únicas intervenções com evidência de eficácia para essa população.

A história da ABA remete à década de 1980 nos Estados Unidos, quando ocorreu maior reconhecimento e consequentemente maior busca. Além disso, nesse momento já se apresentavam bons resultados da utilização da ABA para o autismo. Nesse período, existia tanto a expectativa de que a Análise do Comportamento ganhasse mais visibilidade, quanto a preocupação em relação ao uso de aplicações da Análise do Comportamento de forma desvinculada de seus princípios.

Com esse maior reconhecimento, também houve um crescimento na demanda de analistas do comportamento que trabalhassem com ABA e ABA aplicada ao TEA. Nesse momento, Mateus Brasileiro apontou a problemática atual da formação em ABA no Brasil: teve início um grande comércio para formar analistas do comportamento e, com isso, muita venda de cursos de formação de baixa qualidade e sem o compromisso de construir uma relação consistente das intervenções com os conceitos básicos da Análise do Comportamento. Ainda existem instituições com formação sólida de analistas do comportamento, mas é frequente que profissionais que utilizam ABA não se formem nessas instituições, que atualmente não conseguem suprir toda a demanda existente.

O palestrante apontou a necessidade de que sejam desenvolvidos cursos de formação de qualidade para preencher esse meio. Um movimento nesse sentido já foi realizado pela Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC), ao definir critérios para o título de analista do comportamento aplicado. A partir desse início, é importante que esses critérios sejam divulgados e se tornem de conhecimento geral para que os profissionais em formação consigam ter uma visão crítica das formações que buscam. Também foi apontado que pode ser importante observar um modelo já consolidado nos Estados Unidos, a Behavior Analyst Certification Board (BCBA), importar o que é relevante e útil, e ajustar o que já se percebe que não funciona tão bem.

Foi abordada também a possibilidade de utilização da ABA por profissionais de outras áreas que não a Psicologia. Mateus Brasileiro acredita que é possível que pessoas de outras áreas sejam analistas do comportamento. É importante, porém, estar atento a alguns cuidados em relação à formação, considerando que profissionais da Psicologia têm, já na graduação, conteúdos que podem favorecer o trabalho em ABA, como as teorias de aprendizagem, desenvolvimento humano, formação clínica etc. Entretanto, o cuidado com a formação não é uma recomendação apenas para profissionais de outras áreas, como também para profissionais da Psicologia. A ABPMC reconhece que profissionais de outras áreas sejam analistas do comportamento, sendo solicitado apenas que o profissional seja da área da saúde ou da educação e que esteja vinculado a um conselho de classe para responder a questões éticas, dado que a ABA ainda não é uma profissão regularizada. Outro cuidado necessário é a realização de supervisão, sendo importante inclusive que supervisores façam supervisão.

A seguir, estão algumas recomendações do Mateus Brasileiro de periódicos e livros sobre ABA, clique para acessar:

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Escrito por Isabela Borges

Psicóloga formada pelo Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), realizou a Tutoria em Terapia Comportamental Dialética pela Ello: Núcleo de Psicologia e Ciências do Comportamento, e atualmente realiza a Formação em Terapia Comportamental Dialética pela Elo: Psicologia e Desenvolvimento. Atua na Psicologia Clínica, atendendo adolescentes e adultos individualmente, nas modalidade on-line e presencial. Oferece a oficina de Psicologia e Bem-Estar no projeto UNIPAM Sênior, com foco no desenvolvimento de habilidades para a vida.

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