A Análise do Comportamento dentro das Organizações

Uma das áreas em que a Análise do Comportamento pode ser utilizada de forma muito eficiente é dentro de organizações. Aparentemente, até mesmo os donos das empresas estão percebendo isso. É muito raro encontrar uma grande empresa que não conte com um setor de RH – no qual exista pelo menos um psicólogo. Isso ocorre, principalmente, porque as empresas podem ter um grande poder de modificar ambientes e, consequentemente, estimular determinados comportamentos (muito embora, as redes de relacionamento de grandes empresas possam tornar certas mudanças complicadas, haja vista a grande quantidade de indivíduos envolvidos).

Na sociedade, de forma mais ou menos semelhante, existem diversas variáveis imprevisíveis que atuam e modificam o comportamento – por isso a área clínica pode ser muito menos precisa do que gostaríamos  que fosse.

Lendo algumas das grandes obras da Administração Científica, é possível perceber um grande número de áreas do conhecimento (a própria Administração  Científica, Filosofia, Autoajuda, Programação Neurolinguística etc) comumente utilizadas por profissionais que atuam na área organizacional, mas muito pouco é visto sobre a da Análise Funcional dentro das empresas. A Análise Funcional poderia ser extremamente útil para vários fatores como: aumentar a produtividade, motivação,  disciplina, organização, entre outras coisas..

O problema maior é que grandes pesquisadores estão fazendo (re)descobertas importantes que, em realidade, não representam nenhuma novidade do ponto de vista da Análise do Comportamento.  Usarei como exemplo o estudo das motivações, área que geralmente envolve explicações mentalistas e subjetivas.

Os estudos de Daniel Pink, analista de carreira, descobriu que o que realmente nos motiva não é o dinheiro (veja seu livro Drive: a surpreendente verdade sobre o que nos motiva, 2011), conforme é explicado no vídeo abaixo:

Resumidamente, Pink “descobriu” que os colaboradores de uma empresa não são motivados apenas pelo dinheiro, mas principalmente por outros fatores como “os desafios que uma carreira pode proporcionar”.Isso, porém, não é nenhuma novidade dentro da Análise do Comportamento que define a psicologia como o estudo de interações (Todorov, 2007), isto é, analisa como os organismos interagem e se relacionam com o ambiente e como outros organismos que também fazem parte do ambiente. Nesta perspectiva, compreender o papel  das interações dentro das organizações é fundamentalmente importante para atingir objetivos desejados. As organizações, por sua vez, são baseadas em interações dinâmicas entre o comportamento dos seres humanos e seus produtos (Glenn & Mallot, 2005).

Partindo disto, já a princípio é possível supor que não será um único fator (o dinheiro), o único motivador dentro desse ambiente – e isso é algo que a Ciência do Comportamento sabe há muito tempo.

Lembremos que a maior parte da vida dos indivíduos é passada dentro do ambiente de trabalho (se você trabalha 8 horas por dia, praticamente 1/3 de sua vida você esteve na empresa em que você trabalha), é importante buscar meios para que o sujeito sinta-se estimulado a trabalhar de forma mais eficiente, sentir-se mais motivado, ter segurança financeira para si e sua família, condições de manter a saúde, sensação de utilidade social, criar formas de estimular sua criatividade profissional, ter a sensação de realização profissional etc.

Além dos fatores pessoais, é importante frisar o papel que as empresas possuem como motor da economia de um país – atuar para melhorar os fatores de trabalho acima mencionados também contribui para movimentar aspectos econômicos da sociedade.

Apesar de ser uma área que pode possuir resultados mais que satisfatórios dentro da Psicologia, ainda existe certa necessidade de alinhar o pensamento administrativo com o comportamental – ou até mesmo de alinhar os trabalhos de Psicólogos Organizacionais com os conhecimentos da Análise do Comportamento.Análises funcionais do comportamento organizacional, dos trabalhadores, da empresa enquanto produtora de comportamentos (Franceschini, 2009) são fatores que podem determinar sucesso empresarial.Até mesmo questões externas à empresa, como análise de mercado e economia comportamental podem descobrir grandes possibilidades através da Análise do Comportamento diminuindo as chances de fracasso e aumentando as chances do sucesso da empresa.

FRANCESCHINI, Ana. Psicologia Organizacional e a Análise do Comportamento. TransForm. Psicol. (Online) [online]. 2009.

Glenn, S. S., & Mallot, M. A. (2005). Complexidade e Seleção: Implicações para a Mudança Organizacional. In: J. C. Todorov, R. C. Martone, & M. B. Moreira, Metacontingências: Comportamento, Cultura e Sociedade (pp. 101-119). Santo André: ESETec.

PINK, Daniel. Drive, A Surpreendente Verdade Sobre Aquilo que nos Motiva. Estrela Polar. Portugal: 2011.

SIQUEIRA, Mirlene Maria Matias. Medidas do comportamento organizacional. Estudos de Psicologia: 2002.

TODOROV, João Cláudio. A Psicologia como o Estudo de Interações. Psicologia: Teoria e Pesquisa: 2007.

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Escrito por Petrus Evelyn

É graduado em Comunicação Social e pós-graduando em Neuropsicologia. Atua nas áreas de coaching, hipnoterapia e consultoria corporativa. É sócio proprietário da Academia de Modificação do Comportamento e autor do livro Programa de Modificação do Comportamento.

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