Implantes mantêm promessa de recuperar memória perdida

O Pentágono está estudando a possibilidade de desenvolver sondas implantáveis que um dia poderiam ajudar a reverter a perda de memória causada por lesões cerebrais.
A meta do projeto, ainda em fase inicial, consiste em tratar alguns dos mais de 280.000 soldados que sofreram lesões cerebrais desde 2000, em combates no Iraque e no Afeganistão.
A Agência de Pesquisa de Projetos Avançados de Defesa, ou Darpa, está focada em veteranos feridos, mas algumas pesquisas podem beneficiar outras pessoas, como idosos com demência ou atletas com lesões cerebrais, disse Geoff Ling, médico e vice-diretor da secretaria de Ciências de Defesa da Darpa. Ainda está longe de ser certo se esse trabalho dará como resultado um aparelho anti perda da memória. Mesmo assim, a notícia está causando entusiasmo depois de mais de uma década de tentativas fracassadas para desenvolver medicamentos para tratar lesões cerebrais e perda de memória.
“O funcionamento da memória humana é um dos grandes mistérios não resolvidos”, disse Andrés Lozano, presidente de neurocirurgia na Universidade de Toronto. “Este projeto tem um valor tremendo sob um aspecto científico básico. Ele pode ter implicações enormes para pacientes com transtornos que afetam a memória, incluindo aqueles com demência e com Alzheimer”.
Pelo menos 1,7 milhão de pessoas nos EUA são diagnosticadas com perda de memória todos os anos, o que custa mais de US$ 76 bilhões por ano à economia do país, segundo os mais recentes dados federais sobre saúde. O Departamento de Assuntos de Veteranos, ou DVA, estima que investirá US$ 4,2 bilhões para cuidar de ex-soldados com lesões cerebrais entre os anos fiscais de 2013 e 2022.
Estimulação cerebral
A Medtronic Inc. já vende implantes usados no tratamento de estimulação cerebral profunda para reduzir alguns sintomas da doença de Parkinson e outros problemas neurológicos. Agora, os funcionários da Darpa esperam partir de avanços da neuroengenharia, como aquele que ajudou pessoas com funções motoras limitadas a se comunicarem com um dispositivo, de acordo com documentos da agência publicados on-line.
O Pentágono tem procurado propostas de pesquisa de empresas e organizações, pedindo ideias para estimular o tecido cerebral para ajudar a recuperar a memória. Se a pesquisa tiver sucesso, ela poderia atrair o interesse de empresas como a General Electric Co., a International Business Machines Corp. e a própria Medtronic, disse Art Caplan, diretor de ética médica no Langone Medical Center da Universidade de Nova York e conselheiro especial da Darpa.
A Darpa está procurando desenvolver um dispositivo portátil, sem fio, que “deve incorporar sondas implantáveis” para registrar e estimular a atividade cerebral, de acordo com documentos publicados on-line. Essas propostas devem especificar número, tamanho, espaçamento, peso e potência de energia das sondas, bem as áreas alvo do cérebro e os procedimentos cirúrgicos utilizados para implantar os dispositivos.
Bomba na estrada
A sonda cerebral concebida pela Darpa pode ser útil um dia para perdas de memória como a sofrida por pessoas como Thomas Green III, que contou que estava dirigindo um caminhão de cinco toneladas no Iraque em 2004 quando passou por cima de uma bomba na estrada e capotou dez vezes. Green sobreviveu, mas teve a pélvis esmagada, fraturou as costas e sofreu lesões cerebrais.
Depois do ataque, o sargento do exército americano de 31 anos disse que não conseguia se lembrar de como vestir uma camisa ou escovar os dentes. Quando saía com a mulher que agora é sua esposa, às vezes ele se esquecia de ir buscá-la e nem sempre se lembrava do nome dela.
A iniciativa da Darpa não foi pensada para recuperar o tipo de memória usada para lembrar o nome de uma pessoa. Ela foi concebida para ajudar os soldados feridos a recuperar “habilidades motoras baseadas em tarefas” necessárias para “a vida ou a subsistência”, disse Ling.
Green, que mora em Fayetteville, Carolina do Norte, e saiu do exército em 2005, disse que ele desenvolveu formas de viver com sua perda de memória.
Os lapsos implicam que ele chegue cedo no emprego para poder fazer bem o seu trabalho no DVA, onde ajuda outros veteranos a conseguir emprego. Ele coloca vários lembretes no telefone e no computador.
“Às vezes até consigo me lembrar dos aniversários”, disse Green.
Fonte: Revista Exame
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