Controvérsias no uso da informatica na educação

O uso do computador e de suas mídias na escola é uma realidade que provavelmente não sofrerá alterações. A tendência é que a tecnologia participe cada vez mais da educação da criança. O papel da escola nesse âmbito é estar preparada para utilizá-la de forma mais eficaz possível , capacitando professores e desenvolvendo junto com a sua equipe técnica de pedagogos e psicólogos, um projeto pedagógico que englobe o uso de ferramentas tecnológicas.
Segundo GRISPINO (2005) “… a boa escola leva o jovem a recuperar a confiança na estrutura educacional. Essa escola sabe, pedagogicamente, como lutar pelas dificuldades de aprendizagem dos alunos e como fazê-los galgar os degraus do saber. Coloca como prioridade o desafio da qualidade de ensino e acompanha as mudanças requeridas por um mundo em acelerada mutação.”

Contudo, alguns pesquisadores e pensadores levantam também as conseqüências negativas no uso tão freqüente do computador em ambiente escolar. No seu artigo “Contra o uso de computadores por crianças e jovens (1996)”, o professor titular (aposentado) da Universidade de São Paulo ,do Departamento de Ciências da Computação , Valdemar W.Setzer, defende que a criança e o jovem aprendem com o uso do computador, porém o mesmo é uma maquina que foca em raciocínio matemático que vai ser definido por ele como lógico-simbólico.
Segundo o professor Setzer (1996), o computador deve ser usado com parcimônia, pois ninguém ainda se fez a pergunta “qual será a idade mínima em que os educadores devem forçar a criança a usar o raciocínio matemático e formal?”
Segundo o professor ,o uso do computador na escola com estudantes menores de 16 anos é prejudicial ao desenvolvimento do aprender, pois o computador força-os ao uso de uma linguagem e um tipo de pensamento totalmente inadequado a essa faixa etária. O professor fecha a questão dizendo “Eles ainda não possuem uma maturidade intelectual adequada”.
Podemos ainda levantar a questão de que o uso do computador de forma não contingente e sem um plano pedagógico adequado pode levar o aluno ao isolamento social, com claras implicações as relações interpessoais, muito importantes na infância.
O computador facilita o acesso e gerenciamento de informações com grande velocidade. Um dos pontos negativos da internet no ensino é que boa parte do seu conteúdo é de material sem importância para a educação e informações prejudiciais estão facilmente à disposição. É especialmente difícil,e até caro para as instituições educacionais, contratarem serviços especializados como filtros para bloquear web sites pornográficos e violentos, já que esses conteúdos podem desviar facilmente a atenção dos alunos do conteúdo educacionalmente relevante.
Em seu artigo “A educação no século XXI”, Klering & Arcaro defendem que existe uma dificuldade dos pais dos alunos em aceitar plenamente o uso do computador e da internet na educação. Os autores justificam essa dificuldade como um tipo de preconceito por parte dos pais, já que a tecnologia, dependendo do contexto, pode ser vista como uma pratica ruim que visa apenas tirar empregos dos homens e retirar o contato humano do ensino. Segundo os autores isso acontece por falta de contato com os computadores e de suas qualidades por pessoas que nunca tiveram essa oportunidade.
Ainda segundo o artigo, outro obstáculo é o treinamento técnico dos professores para o uso da informática. Não adianta o computador estar à disposição, com softwares construídos adequadamente se o professor não tiver treino para usá-lo.
Para solucionar tal problema, Klering e Acaro sugerem “… é necessário remodelar os cursos de licenciatura, incluindo em seus currículos disciplinas que ofereçam aos professores meios de reconhecer, avaliar e aplicar as possibilidades de uso dos computadores e da Internet na prática educativa.”
Segundo CHAVES (1983) “Fundamentalmente, a controvérsia maior ocorre entre os que defendem a utilização do computador basicamente como um instrumento de ensino e os que defendem a utilização do computador basicamente como uma ferramenta de aprendizagem.
Existem controvérsias no uso do computador na escola, porém, muitas das criticas se referem mais ao mau uso do computador por pessoas despreparadas do que pelo seu uso em si.
Mais pesquisas se fazem necessárias para estabelecer de fato os riscos e benefícios em colocar computadores nas salas de aula.
Fontes :
1- Setzer. V. W (1996) “Contra o uso de computadores por crianças e jovens”
2- Klering & Acaro – A internet do século XXI
(publicação de internet, visualizado em janeiro de 2012)
(disponível em http://ucsnews.ucs.br/ccet/deme/emsoares/inipes/ensino.html )


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Escrito por Marcelo Souza

Psicólogo especialista em Análise do Comportamento pela Universidade de São Paulo / HU-USP. Pesquisador do Centro para o Autismo e Inclusão Social da Universidade de São Paulo IP-USP. Psicólogo estagiário do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu (nivel mestrado) do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo / IP-USP. Monitor da Prof. Dra. Martha Hubner no curso de especialização em Terapia Comportamental da Universidade de São Paulo / HU-USP. Psicólogo do Programa de Orientação ao Aluno da Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP. Professor convidado do curso de Fundamentos da Terapia Comportamental Clinica do InPA-EAD, ministrando as disciplinas " Análise Funcional do comportamento e Conceitos Básicos da Análise do Comportamento".

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