Nicodemos Borges | nicobborges@gmail.com
Esse artigo pretende contar de forma breve sobre o surgimento e crescimento da Psicologia do coaching. Movimento que tem crescido mundo afora, especialmente em países desenvolvidos, e que está começando a surgir no Brasil.
Que o coaching é uma modalidade de intervenção cuja demanda é crescente, isso é indiscutível. Nos EUA, por exemplo, praticamente todas as maiores companhias contam com a contratação de serviços de coaching para desenvolver seus executivos. A tendência de aumento da demanda por esse tipo de serviço é observada em quase todo o mundo, inclusive no Brasil.
Além da crescente demanda por coaching, um outro movimento pode ser observado em países desenvolvidos, a “Psicologia do Coaching”. Tal movimento se caracteriza por grupos de psicólogos que têm se envolvido com a área de coaching, tornando-a um segmento de atuação e pesquisa para psicólogos.
No Reino Unido, por exemplo, a British Psychological Society – que é a associação mais representativa dos psicólogos britânicos – conta com um Grupo Especial que se dedica ao estudo e desenvolvimento da psicologia do coaching. Este grupo já é tão notório que conta com um periódico científico exclusivo, o “International Coaching Psychology Review” (ICPR). O primeiro número do ICPR foi publicado em 2006 — portanto está completando 10 anos de publicação — e conta com 20 números impressos, demonstrando a boa capacidade de produção científica da área.
Outro bom exemplo de país que está na vanguarda da Psicologia do Coaching é a Austrália. Lá, assim como no Reino Unido, há um Grupo de Interesse Específico sobre coaching na Australian Psychological Society. Ademais, há um departamento de Psicologia do Coaching na Faculdade de Psicologia da Universidade da Austrália, inclusive ofertando mestrado na área.
Além dos exemplos de Reino Unido e Austrália, é possível encontrar diversos trabalhos de mestrado e doutorado a respeito de coaching publicados em programas de Psicologia nos EUA e em outros países da Europa.
No Brasil, há apenas duas Teses de doutorado defendidas em programas de Psicologia. Uma delas foi defendida no Programa de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, de Sueli Milaré; e outra, defendida no Programa de Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, da qual eu (Nicodemos Borges) sou o autor.
Analisando o cenário brasileiro, mais especificamente na comunidade de analistas do comportamento — tendo como base a ABPMC (Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental), que é a associação mais representativa de nossa área no Brasil —, é possível encontrar uma primeira apresentação sobre coaching em 2007, feita por Wander Silva.
Com exceção da palestra de 2007, todos os demais trabalhos apresentados na ABPMC aconteceram na presente década, portanto são bem mais recentes. Houve uma palestra em 2010, um minicurso em 2014, uma mesa-redonda em 2015 e a primeira reunião do Grupo de Interesse Específico em Coaching (GIE-Coaching) também em 2015. Com exceção da palestra de 2010, todos os outros eventos foram propostos e coordenados por mim; portanto, o que poderia parecer um crescimento de pessoas envolvidas, na verdade reflete um esforço mais individualizado.
Contudo, os ventos estão mudando. Em todos os eventos mencionados, observa-se um crescente número de participantes. Para se ter ideia, a mesa-redonda de 2015 lotou a sala, tendo mais de 100 pessoas presentes; e o GIE-Coaching contou com a presença de 32 participantes (figurando entre os GIEs que mais contou com participantes no encontro de 2015). Além disso, de lá para cá, outras pessoas têm se aproximado do GIE-Coaching, e juntos estamos desenvolvendo um conjunto de atividades para apresentar no próximo encontro da ABPMC, agora em 2016.
Se, por um lado, podemos dizer que a Psicologia do Coaching ainda está engatinhando no Brasil, por outro lado, é válido dizer que todo início é também uma janela de oportunidades. O benefício está em termos pouquíssimos profissionais realmente qualificados no mercado, que somado à demanda crescente por esse tipo de intervenção, nos apresenta uma área de atuação que pode abarcar muitos psicólogos coaches.
Espero, daqui a alguns anos, escrever um novo artigo falando do crescimento da Psicologia do Coaching no Brasil.
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