Controle Aversivo nas Relações Amorosas

Se você se interessou pelo título deste artigo é bem provável que esteja repensando como anda sua vida amorosa. Espero, sinceramente, que este artigo lhe ajude.

Segundo Skinner (1953) o amor nada mais é que outro nome para reforçamento positivo.  Vou dar um exemplo bem simples: em uma relação amorosa se toda vez que dissermos te amo, recebermos um beijo, e então passarmos a falar mais te amo, podemos dizer que o comportamento de dizer eu te amo foi reforçado positivamente.

Segundo Moreira e Medeiros (2001), controle aversivo pode ser definido como uma situação, na qual os três tipos de consequências, classificadas como reforço positivo, reforço negativo (enfraquecimento de um comportamento por meio da retirada de uma consequência reforçadora) e punição (enfraquecimento de um comportamento por meio de adição de uma consequência aversiva), controlam o comportamento, gerando um padrão comportamental de fuga/esquiva, isto é, o indivíduo se comporta para que algo não aconteça ou que ele não tenha acesso às consequências aversivas.

Pensando, então, no conceito de controle aversivo, pensemos em alguns tipos de relações amorosas que funcionam da seguinte forma: um dos parceiros gosta muito de sair com seus (suas) amigos (as), porém após o começo do relacionamento, a frequência de brigas aumentou após as saídas com os amigos, com o passar do tempo a pessoa diminui ou para completamente com as saídas afim de diminuir ou eliminar as brigas do casal por esse motivo. Temos portanto, um comportamento controlado por controle aversivo, ou seja há uma fuga de situações aversivas, mais especificamente, a briga entre o casal. Este é um padrão de funcionamento que pode ser generalizado para outras situações, como por exemplo, vestimentas, trabalho, religião, posição política, finanças etc.

Em todas as relações, inclusive, amorosas – alvo de discussão neste texto, que funcionam por controle aversivo, apresentam consequências, ou seja, alguns “efeitos colaterais” diante do parceiro ou em situações que ele ou ela esteja presente. Algumas delas são:

  • Eliciação de respostas emocionais; choro, sudorese, tremor, dores, entre outros…
  • Supressão de outros comportamentos; há uma diminuição ou extinção da emissão de outros comportamentos, mesmo sem ter ligação com a relação amorosa, mas que lhe davam prazer, como no exemplo citado acima, a pessoa pode perder o interesse de sair até com o parceiro, família etc.
  • Contra controle: a pessoa passa agir afim de eliminar o controle do outro sobre seu comportamento. Imaginemos um exemplo em que uma pessoa ao ser, frequentemente, tratada de forma grosseira pelo (a) parceiro (a), pode se comportar de forma ainda mais grosseira em uma tentativa de banir o comportamento grosseiro do (da) parceiro (a).

Como podemos observar, a pessoa dentro de uma relação assim, passa a viver mais em função de evitar conflitos ou contrariar o outro do que viver uma relação de forma prazerosa, ou seja, uma relação baseada em reforçamento positivo, como diz Skinner (1953), uma relação, de fato, amorosa.

Te convido então, a fazer uma análise de sua relação, ela pode ser classificada como amorosa ou aversiva? Ela tem se mantido por reforçamento positivo ou por controle aversivo?

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

MOREIRA, M.B. MEDEIROS, C.A.  Princípios Básicos da Análise do Comportamento. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

SKINNER, B.F. Ciência e Comportamento Humano. 10ª ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1953.

 

 

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Escrito por Fernanda Cerqueira

Psicóloga Clínica. Mestre em Análise e Evolução do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás). Especializada em Terapia Analítico Comportamental Clínica pela Unijorge. Psicóloga, formada pela União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime) Salvador BA.
E-mail para contato:
nandacerqueira-@hotmail.com

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Boteco Behaviorista – Psicologia Hospitalar